Inseminação Artificial em Cadelas

Publicado há 4 anos atrás na categoria Veterinária
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1 INTRODUÇÃO

A medicina veterinária vem sendo aperfeiçoada pela inserção de novas tecnologias, dentre elas, a inseminação artificial (IA), que deixou de ser usada somente em animais de grande porte e passou a fazer parte dos animais de companhia. A primeira pessoa a estudar e realizar a inseminação artificial foi Lazzaro Spallanzani, em 1779, que ao inseminar uma cadela, com sêmen retirado de um cão através de manipulação mecânica, nasceram três filhotes (HORST- DIETER, 2014).

 A inseminação artificial assumiu grande importância dentro da medicina veterinária, possibilitando a reprodução assistida, nos casos de animais que não conseguem fazer a monta natural, seja por excesso de peso, tamanho em relação a fêmea ou temperamento, bem como, contribuindo para evitar a transmissão de doenças (BITTENCOURT et.al., 2014).

Entretanto, somente na década de 90, onde a preocupação em preservar as espécies selvagens de cães e melhorar a genética dos animais de companhia, é que realmente aprofundou-se as técnicas de inseminação artificial em pequenos animais (SILVA et al., 2008).

Desta forma, o objetivo desta pesquisa foi abordar as técnicas de inseminação artificial, monitoramento do ciclo éstrico e eficácia da sua utilização, em cadelas, através do levantamento das informações disponíveis na literatura.

 

2 DESENVOLVIMENTO  

 

A primeira pessoa, da qual se tem registro, a estudar e realizar a inseminação artificial foi Lazzaro Spallanzani, em 1779, que ao inseminar uma cadela, com sêmen retirado de um cão através de manipulação mecânica, nasceram três filhotes (HORST- DIETER, 2014). Entretanto, outras literaturas mencionam que Spallanzani obteve o sêmen para a inseminação, de uma cadela que havia sido montada naturalmente, ele teria retirado o sêmen da própria vagina para aplicar na outra cadela (FIELDENT, 2011), contudo, não foi possível verificar ao certo, dentro da literatura, qual dos dois métodos foram utilizados por Spallanzani.

 A inseminação artificial é a deposição do sêmen do macho no trato reprodutivo da fêmea sem o envolvimento do macho diretamente, ou seja, sem a monta natural (BARBOSA, 2008). É frequentemente utilizada em animais de produção, em comparação à animais de pequeno porte e/ou animais de companhia, mas segundo Evangelista (2016) devido a proximidade do cão com o homem, houve um aumento no interesse por parte dos tutores de melhorar a eficiência reprodutivas de seus animais, consequentemente elevando o uso da inseminação artificial em cadelas com o objetivo de preservar algumas raças com alto valor zootécnico.

 Além do intuito da preservação de raças, tutores optam pela inseminação artificial por diversos fatores, tais como, controle sanitário, para evitar contaminação de doenças transmissíveis, alternativa reprodutiva para animais com problemas anatômicos e com problemas comportamentais, bem como animais com problema de agressividade e desproporção de peso corpóreo (SANTANA, 2012; UCHOA, 2012). 

 De acordo com Gonçalves et al (2003) a inseminação artificial é uma das técnicas mais importantes para o melhoramento genético. Ela acelera o melhoramento genético e facilita a obtenção de proles de reprodutores que estão em outro país ou que já estejam até mortos. Uchoa (2012) relata que o custo com sêmen congelado é bem inferior que os custo para transporte de animais.

 Como qualquer outra técnica, a inseminação artificial também apresenta desvantagens, que incluem o estresse de animais por conta da manipulação (PAYAN-CARREIRA et al.,2011), que pode acarretar em danos às paredes internas do aparelho reprodutor da fêmea.

 Em relação aos procedimentos, há dois tipos, a inseminação intravaginal, que é menos invasiva, onde é utilizado pipeta de vidro e sonda de Osíris, e a intrauterina, onde é utilizado procedimento cirúrgico, essa técnica é recomendada caso a intravaginal comprometa os resultados ou se o macho tiver baixas porcentagens de fertilidade (JOHNSTON, et al., 2001; PLATZ, 1977).

 De acordo com Concannon e Battista (1989), o ciclo estral das cadelas se resume em proestro, estro, diestro e então anestro, ele complementa que o período fértil está no final do proestro e no meio do estro, um período de 7 a 10 dias. A análise do proestro e do estro é feito pela mudança de comportamento e pelo aumento das vulvas. Conforme Melo et al. (2018), a fase proestro tem uma alta concentração de estrógeno no sangue e corrimento sanguinolento pela vagina para atração do macho, ele afirma que o estro se caracteriza por alta concentração de estrógeno que é responsável por aumentar o hormônio luteinizante que faz que aconteça a ovulação, que ocorre 2 dias depois desse pico de hormônio.

O estro pode ser observado pela avaliação da citologia da vagina da cadela. O epitélio celular sofre mudanças decorrentes das altas concentrações de estrógeno, esse hormônio irá gerar um estímulo para replicação dessas células, formando mais camadas celulares e consequentemente uma queratinização (ALAN et al., 2007).

Esta avaliação é um método prático, eficiente e rápido para identificar o ciclo estral, (COSTA, et al 2009). Ela mostra o momento oportuno para realização de exames caros, como o de progesterona e do hormônio luteinizante que determina a ovulação. A citologia vaginal é um fator importante para determinar se é tarde demais para a realização da inseminação artificial, a qual deve acontecer quando a fêmea estiver receptiva ao macho e/ou quando mostrar as mudanças decorrentes das células, indicando o cio da cadela (MELO et al., 2018).

Todavia, além da citologia vaginal para detectar qual o melhor período para a inseminação, é necessário que se faça uma correta avaliação do sêmen do cão, no qual é possível analisar o volume, aspecto, cor e número de células viáveis do ejaculado (PAYAN-CARREIRA et al., 2011).

 

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Observou-se que há muita informação sobre inseminação em animais de produção, entretanto a informação é restrita quando se trata de animais de companhia, demandando mais pesquisas neste campo do conhecimento. De acordo com a informação disponível, foi possível abordar os temas propostos, compilando a informação para auxiliar veterinários na utilização das técnicas de forma eficiente e assertiva.

 

4 REFERÊNCIAS

ALAN M, Y.; CETIN, S.; SENDAG, F. Eski. True vaginal prolapse in a bitch​. Animal reproduction science. ​v.100, n. 3/4; Pág. 411- 414. 2007.

BARBOSA, R. T. Panorama da inseminação artificial em bovinos​. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste. (Documentos / Embrapa Pecuária Sudeste; ISSN: 1980-6841; 84).  Pág. 28. 2008

BITTENCOURT, R. F.; SANTOS, M. M.; JESUS, E. O.; MATOS, B. A. P.; BARRETO, W. M.; CHALHOUB, M.; Eficácia da inseminação vaginal profunda em cadelas monitoradas por citologia vaginal. ​Departamento de anatomia, patologia e clínica da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA. ​Pág. 373. 2014.

CONCANNON, P. W.; BATTISTA, M.; Canine semen freezing and artificial insemination. In: KIRK R.W. ​(Ed.). Current veterinary therapy. Philadelphia: WB Saunders​. Pág.1247-1259. 1989;

COSTA, E. C. F.; LEGAL, E. N. L.; Estimativa da fase do ciclo estral por citologia vaginal em cadelas. Cans familiaris, Linnaeus, 1758. Ituverava-SP.  Pág.244-247 2009;

EVANGELISTA, L. S. M.; FILHO, M. A. C. S.; SOUZA, J. A. T.; Inseminação Artificial Intravaginal em cadela da raça Dogo Argentino utilizando sêmen refrigerado: Relato de caso. ​Publicações em medicina veterinária e zootecnia. ​v.10, n.3.  Mar., 2016. 

FIELDENT, A.; ​A Department of Veterinary Clinical Sciences, Massey University, Palmerston North​;1965. Published online: 23. Feb 2011.

GONÇALVES, P. B. D., FIGUEIREDO, JR., FREITAS, V. J. F.; ​Biotécnicas Aplicadas à Reprodução Anima​l. São Paulo: Varela. Pág.340. 2003. 

JOHNSTON, S. D.; KUSTRITZKUS, M. V. R.; OLSON, P. N. S. ​Canine and feline theriogenology.​ W.B.Saunders (Philadelphia). 2001.

MELO, A. S.; CASTRO, S.C.; LEAL, D. R.; Inseminação em cães. Anais do 14 simpósio de TCC e 7 seminário e IC da Faculdade ICESP.  Pág.1326-1334. 2018.

PAYAN-CARREIRA, R.; MIRANDA, S.; NIZANNSK, W.; 2011; https://www.intechopen.com/books/artificial-insemination-in-farm-imals/artificiali nsemination-in-dogs. Acesso;02/12/2018.

PLATZ, C. C.; GEAGER, S. W. J. Successful pregnancies with concentrated frozen canine semen. Laboratory Animal Science, n. 27 Pág. 1013 – 1016, 1977.

SANTANA, J. P. S.; Inseminação Artificial canina utilizando sêmen fresco. Pós graduação em Clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, Centro Universitário da Grande Dourados. Unigran.  Pág. 26. 2012.

SILVA, L. D. M.; SILVA, A. R.; CARDOSO, R. C. S.; LIMA, A. K. F.; SILVA, T. F. P.; Biotécnicas Aplicadas à Reprodução de Cães e Gatos. Em: GONÇALVES, P. B. D., FIGUEIREDO, J.R., FREITAS, V. J. F. Biotécnicas Aplicadas à Reprodução Animal (pp. 181-199). São Paulo, Brasil. Solano-Galego, L., Masserdotti, C. (2016). Reproductive System. Em R. E. Raskin, D. J. 2008.

UCHOA, D. C.; Água de coco em pó (ACP106c) como diluente para conservação de sêmen e inseminação artificial na espécie canina. Tese (Doutorado) Renorbio - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza. Pág.207. 2011.

 

ESCRITO POR
Eleandro Marcondes


Ana Maria Kopanski

Natural de Guarapuava-Pr, atualmente sou estudante de Medicina Veterinária e cada dia que passa, percebo que iniciar esse curso foi a melhor decisão que já tomei. Almejo trabalhar na área que mais me agradar, fazendo todo o possível para ajudar os animais, melhorando cada dia mais como profissional e acima de tudo ser feliz com aquilo que escolhi para mim. Agradeço aos meus pais por todo apoio sobre as minhas decisões, e principalmente a Deus por me permitir realizar meus sonhos e conquistar meu caminho!

Josaine Pagliosa

Natural de Quilombo - SC, resido atualmente em Guarapuava - PR. Técnica em Administração; Estudante de Medicina Veterinária.